Olá pessoal! Sou a Sonia Caetano e vamos abordar um pouco sobre a dificuldade de aprendizagem e os transtornos de aprendizagem. Muitos pais, e até professores, têm dúvidas no que se refere a diferenciação entre dificuldade de aprendizagem e transtorno de aprendizagem e acabam tratando as duas situações como sendo dificuldade de aprendizagem. É muito comum ouvirmos a expressão: “Meu filho tem dificuldade de aprendizagem, ou meu aluno tem dificuldade de aprendizagem." Muitas vezes a criança tem um distúrbio de aprendizagem e é tratada como tendo apenas dificuldade de aprendizagem o tempo vai passando e essa criança vai ficando cada vez mais deficitária em relação ao seu desenvolvimento cognitivo e com os conteúdos escolares em defasagem. Sua autoimagem negativa afeta diretamente sua vida afetiva. É importante que pais e professores saibam a diferença entre os dois conceitos e fiquem atentos ao desenvolvimento da criança, sua dificuldade na aprendizagem está denunciando que algo não está bem e necessita de investigação. Muitas vezes remetemos aprendizagem somente ao contexto escolar, mas a criança aprende ainda no útero materno (Dr. Clay Brites, Neuropediatra) e continua aprendendo por toda a vida.
O estimulo cognitivo e afetivo que a família oferece à
criança, vai dizer muito sobre a qualidade de sua aprendizagem. A família, que observa a criança vai perceber
logo o seu processo de aprendizagem, ou seja,
como as habilidades sensoriais , motoras
e afetivas estão se
desenvolvendo.
Vários fatores estão presentes no processo de aprendizagem,
como o sistema biológico, o corpo, a
cognição, a afetividade, o meio social e até o desejo. (este pode ser mais
compreendido à luz da Psicologia). Não podemos esquecer de forma alguma, que cada
criança possui uma maneira peculiar de aprender.
A criança não aprende como seus
colegas, como muitos dizem: Ela não consegue “acompanhar” a turma, como se o
padrão correto fosse o andamento da turma. Estamos lidando com um ser singular.
É importante que os professores percebam a forma de aprender da criança, que
“não está acompanhando a turma”. Se a maioria da turma aprendeu o conteúdo
ensinado e uma criança não conseguiu aprender, o primeiro passo é tentar
descobrir como essa criança aprende. E imediatamente mudar a metodologia, “a
forma de ensinar”. Digo, que esse deva ser o primeiro passo para ajudar essa
criança.
A dificuldade de aprendizagem é uma barreira que a criança
enfrenta, e por ser uma barreira, está externa a ela. São situações que a
criança enfrenta no decorrer do processo e que prejudica de alguma forma seu
aprendizado.

No ambiente escolar, quando uma criança começa apresentar
dificuldade de aprendizagem é importante avaliar se esta criança gosta da
escola em que estuda, gosta da professora, verificar, também se o material
didático , a metodologia, o “ jeito da professora ensinar”, estão de acordo com as necessidades e
interesses dessa criança, ainda devemos procurar saber, se a criança está mudando com muita frequência de escola.
Podemos investigar também como está o relacionamento dessa criança
com seus amigos da escola, e se ela não está sofrendo bullying por parte dos
colegas. Todas essas situações podem levar uma criança a apresentar dificuldade
de aprendizagem. São situações externas, porém se não forem investigadas e
corrigidas, podem acarretar atrasos nos conteúdos escolares, atraso no
desenvolvimento de suas habilidades
cognitivas, baixa autoestima,
baixa autoimagem e consequentemente gera novos problemas de aprendizagem. Outras
possibilidades de uma criança apresentar dificuldade de aprendizagem, principalmente
na leitura e escrita, nos primeiros anos escolares, estão relacionadas à forma
como a criança foi preparada, para o processo de alfabetização.
Para facilitar a compreensão citarei, como exemplo, uma
das bases de investigação, que utilizo
no consultório, para chegar até a causa
da dificuldade de aprendizagem das
crianças que atendo.
Faço as seguintes perguntas e investigo:
- As habilidades motoras dessa criança foram bem
desenvolvidas? Pois a mente e os movimentos
corporais devem estar sincronizados.
- As habilidades cognitivas foram bem desenvolvidas? A
criança para ser alfabetizada precisa ter noção de espaço, tempo, ter
percepção, atenção, concentração,
capacidade de memorizar, capacidade para abstrair, capacidade para fazer
associações e sua linguagem precisa
estar desenvolvida.
Muitas crianças apresentam dificuldades de aprendizagem,
porque suas habilidades cognitivas não foram desenvolvidas adequadamente. Em todas as situações citadas acima os
problemas são externos, são barreiras no caminho dessa criança! Ela precisa de ajuda dos pais, da escola,
como também do Psicopedagogo para poder superar essas barreiras.
Quantos antes às ações ocorrem menores serão as defasagens de
conteúdos escolares, os problemas cognitivos e os problemas emocionais dessa
criança relacionados à sua autoimagem e autoestima.
Distúrbio
de Aprendizagem
Na fala do Dr. Clay Brites Neuropediatra, o distúrbio de
aprendizagem está ligado a “um grupo de dificuldades específicas,
caracterizadas pela presença de uma disfunção neurológica”.
Neste caso, estamos lidando com uma questão de neurônios, de
conexões. O cérebro funciona de forma diferente, não possui uma lesão ou um
trauma. Mesmo sem apresentar desfavorecimento físico, a criança portadora do
distúrbio de aprendizagem, demonstra dificuldade em aprender, porque o cérebro
funciona inadequadamente. Isso não significa, que essa criança seja incapaz de
aprender, mas que necessita de métodos diferenciados de ensino, adequados à
singularidade de seu caso.
Sônia Góes Caetano Pedagoga Pasicopedagoga PUC/SP |
São transtornos, nos quais os padrões normais de aquisição de
habilidades, são perturbados desde os estágios iniciais do desenvolvimento.
Eles não são simplesmente consequência de uma falta de oportunidade para
aprender, nem são decorrentes de qualquer forma de traumatismo, ou de doença
cerebral adquirida. Ao contrário, pensa-se que os transtornos originam-se de
anormalidades no processo cognitivo, que derivam em grande parte de algum tipo
de disfunção neurobiológica. Essa criança precisa ser estimulada, compreendida,
incentivada, amada e com os recursos corretos, ela vai aprender no tempo e no
ritmo dela. O diagnóstico deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar,
geralmente iniciada pelo Psicopedagogo, que realiza as primeiras investigações e de
acordo com as hipóteses levantadas, encaminha para outros
especialistas como: Neurologista, Fonoaudiólogo e Psicólogo. Nunca
devemos esquecer: Toda criança é capaz de aprender! E nosso papel é oferecer todas as
oportunidade para que isso ocorra.